CAPÍTULO I
Um gentleman no anonimato
Numa noite cuja solidão amargava o peito de Elida e suas latinhas de cervejas tomadas religiosamente como num ritual místico havia acabado, a moça sentiu que embora tentasse embriagar-se ainda continuava lúcida, sozinha e carente de uma afetividade que não se direcionava à sexualidade mas, de um sentir afetivo no qual se pudesse sentir o outro, falar com o outro, chorar junto a outro abraçar-se a este outro e até mesmo, adormecer junto a ele sentindo sua pele, seu calor, sua mansidão e carinho ao tocar seu rosto e seus cabelos.
Não pensou duas vezes e puxou na agenda telefônica o número de um amigo que a tempo havia se declarado para ela, porém, sempre mostrara-se um cavalheiro como poucos conhecera. Apesar da fama de Dom Rhuam, ela sabia que nele poderia confiar e sem pensar duas vezes ligou para ele. Ao atendê-la, percebeu o seu estado emocional e sua carência ainda de embriagar-se. Veio até sua casa e trazendo nas mãos meia dúzia de latas de cerveja que, sentados na mesa da cozinha degustaram enquanto ela apresentava-lhe um poço de lamentações – Abençoado seja este homem – que depois de tudo isso estaria ainda a enfrentar a sua maior prova de fogo e se permitir a tornar-se um dos maiores caprichos desta insana mulher.
Olhando seriamente para ele e justificando-se pela solidão que atravessava fez-lhe de forma ousada um convite: “Fique aqui, durma comigo esta noite mas, prometa-me que faremos isso sem sexo!?” Mais surpreendente foi a sua atitude ao afirmar que não haveria problema algum e que por ela tudo isso valeria a pena, mesmo sem sexo pois não é este que faz o relacionamento e sim os detalhes de uma convivência.
Elida seguiu então para o banheiro para tomar uma ducha e ele aguardava no quarto. Surpreendente foi o convite que ela fez a ele de também ir tomar banho pois para ela isso seria totalmente normal não havendo contato físico e, mais surpreendente ainda foi ele aceitar. Tirou suas roupas, pendurou-as e entrou debaixo do chuveiro de forma natural e tranqüila. Olharam-se então e como dois bobos começaram a dar risadas reconhecendo que pareciam duas crianças fazendo arte quando os pais não estão em casa. Terminaram o banho e seguiram para o quarto onde vestiram-se para dormir e ela ajeitou a roupa de cama deitando-se a seguir.
Para Elida, aqueles momentos não tinham valor que pagassem. Encostar sua cabeça em seu ombro, falar sobre coisas bobas, rotineiras e dar boas risadas enquanto suas mãos passeavam por seus cabelos e seus dedos brincavam com os pêlos do seu peito e os mamilos que levavam de hora e outra uns pequenos beliscõezinhos foram hilariantes.
Foi assim que adormeceram e somente acordaram de manhã com a chegada da empregada. Ele assustou-se um pouco preocupado com a posição e reputação de Elida e, de repente, ouviu dela uma tremenda gargalhada que deixou-o meio zonzo sem entender a razão da mesma. Foi então que ela questionou-lhe: “Que posição? Que reputação? O que fizemos de errado? Por que a sociedade precisa ser tão hipócrita e ver coisas onde não existem? Será que este é o meio que as pessoas encontram para justificar as coisas erradas que fazem, colocando tudo como regra geral e que se um faz, todos devem fazer?”
Foi então que ele percebeu que nada deviam a ninguém a não ser a eles mesmos. Levantaram-se, seguiram até a cozinha onde o café já estava posto. Tomaram café junto a empregada que para Elida era uma pessoa da família, seguiram para a sala onde conversaram mais um pouco onde ela ficou conhecendo um pouquinho mais daquele homem maravilhoso e depois disso, despediram-se afetuosamente. Elida agradeceu-lhe inúmeras vezes e ele por sua vez afirmava ter sido um prazer passar uma noite tão diferente, agradável e em tão boa companhia. Após acompanhá-lo até o portão e dar-lhe um grande abraço e um doce beijo na face Elida retornou para dentro com uma única certeza: Atualmente, no século XXI temos homens tão dignos e descentes que, se as mulheres soubessem disso aprenderiam a valorizar-se um pouco mais.
Autora: Makcilene Rosa de Souza
CAPÍTULO II
Policial ludibriado sexualmente
Mulher quando se sente rejeitada se torna estupidamente idiota né. Numa destas situações, Alicia que a alguns dias havia terminado seu relacionamento amoroso resolve ligar para uma amiga e pedir ajuda. Imagine, o tipo de ajuda: “Me arrume um amigo seu bonito, charmoso, que esteja livre e disposto a conversar, trocar idéias interessantes. A amiga, na companhia do namorado imagina que as intenções de Alicia iriam além das que ela havia mencionado e resolvem então fazer-lhe esta “caridade”.
Ambos ligaram para um amigo em comum falando sobre a situação e perguntando se ele estaria disposto. Claro que, provavelmente, pintaram Alicia mais do que deviam e ele, por estar solitário, distante de casa pois trabalha nesta cidade e tem namorada e família residindo em outra, resolve auxiliar, ou melhor, prestar este serviço humanitário aos amigos que lhe passam o telefone da amiga. Esta, estava na casa de outra amiga quando recebeu a ligação de Walace que afirmou estar disposto a conhecê-la e que a esperaria em frente ao seu portão dando-lhe o endereço do local.
Ao sair entusiasmada da casa da amiga Alicia encontra no trajeto duas amigas que a faz parar e começam a falar feito maritacas em pé de manga. Não havendo brecha para fugir ela concordava com tudo e procurava ser breve nas opiniões solicitadas. Não foi o suficiente para escapar de uma nova ligação de Walace que questionava se ela não iria pois já passavam das 23:00 horas afirmou estar a caminho, me desculpei com as meninas e segui então para o local indicado.
Ao chegar na rua, passei por todo o quarteirão e ela não viu ninguém. O celular tocou e ao atender, ele falou-lhe que retornasse pois estava debaixo de uma árvore na frente de um portão. Gentilmente ele abriu o portão para que a moto fosse estacionada em seu interior e apresentou-se enfim, pessoalmente a Alicia que, ficou embasbacada com a beleza daquele homem de um metro e oitenta seis, olhos azuis, loiro, boca carnuda e rosada além das coxas que é bom nem comentar.
Convidou-a a entrar para seu quarto onde poderiam conversar tranquilamente. O que aquele “Deus grego” não imaginava era que Alicia esta disposta apenas a conversar mesmo. Falaram sobre várias coisas, sua namorada, seus pais, a cidade de onde viera e a pior de todas: do ex de Alicia. Não, esta foi pra acabar. Os dois, deitados ali, sobre um colchão de mola, sob a penumbra da cortina, olhando para o teto – isso quando ele não olhava para os seus seios e sua silhueta – Ela começou a desfiar os momentos desde quando o conheceu até quando terminaram e ele, pacientemente ouvia e tentava hora e outra passar as mãos em seus quadris que eram retiradas gentilmente pelas mãos da “tonta” da Alicia.
Após concluindo o seu desabafo no qual Walace teve a chance de exercitar uma das virtudes que o homem deve ter: paciência, ele tentou ainda mais algumas investidas elogiando os seus seios, tentando tocá-los, tomando-a pela cintura e puxando-a para si. Este foi o ponto fatal para ambos...rs. Alicia levantou-se, agradeceu-lhe a companhia, mesmo estando com a garganta seca por não ter-lhe sido oferecido nem um copo d’água – ainda mais depois de todo o falatório – e pediu-lhe calmamente que ele fizesse a gentileza de virar a moto para ela .
Claro que o rapaz nada disse para ofendê-la ou magoá-la mas, se os olhos falassem, tudo o que não se deveria ser dito por um cavalheiro, teria sido exposto naquele momento para Alicia que beijou-lhe o rosto, agradeceu-lhe mais um vez e saiu rumo a sua casa aliviada por ter encontrado alguém para ouvi-la, envaidecida por este alguém demonstrar desejo em possuí-la mas, principalmente por demonstrar a si mesma que podemos ser o que queremos ser, da forma que necessitamos ser sem nos impormos a fazer o que os outros querem que façamos e da forma que eles desejam na maioria das vezes. Enfim, Alicia mais uma vez orgulhou-se de ser quem é e de possuir amor próprio.
Autora: Makcilene Rosa de Souza
CAPÍTULO III
Um acaso que chegou até a cama
Era a segunda noite de carnaval na cidade, Caroline havia saído disposta a dançar e festar o máximo que podia naquele dia. Há quatros meses não saía pra festa. Desde que encerrou o seu casamento estava ainda tentando adaptar-se à nova vida de liberdade e solidão.
Ao chegar no meio do povo começou a dançar abraçando a todos que conhecia e que por ela passavam. Chegaram duas amigas que ficaram por ali junto a ela que, para matar a sede do embalo que se encontrava tomava apenas e absolutamente água. Ao seu lado já ia amontoando-se uma boa quantidade de garrafinhas.
Caroline dançava tanto que sua roupa colava ao corpo e seus cabelos que estavam presos em um “rabo de cabalo” pareciam ter tomado um ducha. Foi nesta euforia que um rapaz, apenas conhecido, passou por ela e abraçou-a insinuando o interesse de ir bem mais além que aquele abraço. Isso ocorreu por quatro vezes e, nesta última ela ainda brincou afirmando que sua “fogueira não queimava mais lenha” e ele, com ar malicioso disse-lhe: Tenho certeza que se eu souber assoprar e mexer com jeitinho encontro ainda algumas brasas que faria virar um incêndio total. Aquela afirmação a deixou encabulada e, mesmo não querendo pensar nisso sentia-se feliz por ainda ser percebida pelo sexo oposto, apesar de estar com 37 anos.
Divertia-se como nunca naquela noite. Há tempos não sentia-se tão bem, tão animada e eufórica. Lá pelas quatro da madrugada retorna o rapaz e se aproxima dizendo estar indo embora e se ela realmente não queria que ele lhe fizesse companhia. Novamente Caroline agradeceu mas recusou porém, enquanto o rapaz se afastava um turbilhão tomou conta da sua mente e ela começou a questionava-se: “o que estou fazendo? Por que não aceitar esta aventura? Sou separada, não tenho ninguém, moro sozinha...” E de repente, com uma garrafinha da água na mão virou-se em direção ao rapaz que já ia ao longe e lançou a garrafinha em sua direção que, por sorte ou azar, não se sabe, acertou bem em suas costas. Ele se virou e ela deu sinal para que ele voltasse afirmando pra ele que aceitava, sim, que aceitava estar com ele naquele restante de noite. Ele entusiasmado só pediu tempo para falar com seu irmão que estava em sua companhia e retornou dizendo: vamos!?!?
Caroline saiu dali de mãos dadas com um jovem de 18 anos, suada feito uma maluca pelo meio da multidão ao encontro de sua moto. Neste percurso encontrou o irmão do rapaz sentando num dos bancos da praça “de espelhos d’água” e de alegremente brincou com ele dizendo que estava sozinho agora e perguntando se não gostaria que ela o levasse primeiro pra casa. Enquanto ele já se levantava, a resposta dele foi alta e em bom tom: “Vá tomar no c...” Ela achou tudo estranho e de muita agressividade mas, não iria perder a diversão daquela noite simplesmente porque um moleque mal educado retribuiu-lhe com agressividade uma humilde oferta de carona. Problema dele, não dela que, seguiu junto ao outro para casa.
Ao chegarem Caroline pediu que aguardasse à vontade mas iria tomar um banho devido a tanto suor. Quando saiu do banheiro estava vestida num vestidinho preto e ele a aguardava no sofá da sala. Ela foi até ele sentando sobre o braço do sofá e morrendo de vergonha por não ter e nem saber o que dizer. Afinal, um único casamento de 19 anos não te oferece mecanismos ou artifícios para lidar com situações como esta. Perguntou-lhe o seu nome e ele respondeu-a: “Já me conhece e não sabe ainda meu nome!?” justificou-se afirmando conhecer muita gente e não ter como gravar o nome de todos._ Jeferson, este é meu nome.
Tinha algumas latinhas de cerveja na geladeira que lhe ofereceu enquanto conversavam no sofá. Ela sobre um dos braços e ele, já demonstrando impaciência, sentado ao lado. De repente, ele se levantou e tomou-a nos braços levando-a pra cama. Caroline estava antagonicamente eufórica e reprimida, sem saber o que fazer. Contudo, não foi preciso saber o que fazer, Jeferson, além de muito carinhoso levou-a mansamente a relaxar tornando aquela madrugada um prelúdio de vários outros dias que viriam somar-se a este que, para Caroline, tornou-se inesquecível.
Autora: Makcilene Rosa de Souza